Sempre que se fala do Dízimo dentro da Igreja vem à mente partilha. Para entender o que é partilha se precisa mergulhar no próprio mistério do amor de Deus. Deus é amor, conforme relatam os escritos do evangelista João, então, pode-se dizer que Deus também quer partilhar sua vida com seus filhos. Através da oração, Deus partilha sua intimidade com seus filhos. Jesus também partilha sua vida, entregando sua mãe, na hora da morte, para acompanhar a caminhada do povo de Deus rumo ao céu. A partilha maior do Filho de Deus foi doar-se e permanecer vivo e presente entre os filhos amados de Deus na Eucaristia.

Em Pentecostes, o Espírito Paráclito é derramado sobre o povo escolhido e seus dons partilhados com toda a humanidade. Conta a Palavra que o povo de Deus, desde os tempos antigos compreendeu a necessidade de partilhar, ofertar em sinal de gratidão ao Criador pelos benefícios recebidos. Belos exemplos bíblicos deste reconhecimento são relatados nos episódios da história de Caim e Abel, Abraão, Isaac e Jacó. Assim é possível inferir que a história de ontem está travestida na história atual dos povos. Como os personagens da bíblia, os cristãos de hoje ofertam o dízimo como gesto de louvor e partilha a Deus pelos benefícios recebidos.

O dízimo que se oferece é livre, gratuito e generoso, não pode ter limites nem exigências. Nesse sentido não se pode isentar nem os pobres de fazer sua contribuição, nem exigir maior valor dos ricos. O dízimo deve fazer parte desta mentalidade cristã de comunhão com Deus. Assim entendido, é uma forma de oração. Reza-se por palavras, gestos, silêncio e cânticos. Contribuir é orar, é um gesto de amor para com Deus e a Igreja que, através das ofertas pode exercer sua missão de serviço, de atividades missionárias e muitas vezes até de ação social.
O dízimo é parte integrante da vida pastoral da Igreja, da comunidade. Esta pastoral visa criar nos cristãos a consciência de ser Igreja. O cristão precisa saber que como batizado faz parte da família dos Filhos de Deus. A Igreja como comunidade precisa da participação de todos. Ninguém pode dizer que é Igreja só pelo fato de ser batizado ou porque vai à missa.

Ser Igreja é ser participante consciente da vida da comunidade. Os cristãos que aparecem na igreja de vez em quando demonstram que ainda não foram evangelizados, convertidos e dificilmente se tornam dizimistas. Na paróquia São Cristóvão, os cristãos têm demonstrado muita participação e surpreendem pela generosidade. Isto faz lembrar a mensagem de Jesus quando disse: “Existe mais alegria em dar do que em receber” (FÁVERO, 2001, p. 28-31)