Paróquia São Cristovão
A caravana dos desbravadores: Alberto Philippsen, Levino Arcenio Poersch, Edmundo Kuzer, Beno Kandler, Reinaldo Muller, Breno Becker, entre outros, vindos de Santo Cristo, Rio Grande do Sul, chegou ao local em 1951 entusiasmada pelos comentários promissores sobre a terra fértil que a mata virgem cobria, preços acessíveis para aquisição e facilidade de pagamento das parcelas. Depois dessa famílias outras vieram de Santo Ângelo, Lagoa Vermelha, Veranópolis, Seara (SC)...

Em 1952, os migrantes Arlindo e Ulmiro Meinerz, Arcenio Engelmann que têm o reconhecimento de pioneiros, iniciaram as derrubadas, construíram suas casas e uma rústica capela. Por decisão dos moradores o local foi denominado Novo Santo Ângelo que até aquele momento era conhecido como Linha Guaçu. A inauguração da capela que também serviu de escola se deu no dia 06 de janeiro de 1953. Foi celebrante o padre Aloísio Baumeister da Sociedade do Verbo Divino (SVD). Em 1956, a diretoria constituída da capela e o padre Antônio Patuy introduziram a imagem de São Miguel o que determinou o nome do distrito também.

A comunidade teve como primeiro professor e catequista Ivo Engelmann que deu aula para seis alunos, seguido de Silvino L. Adams, Rudy Nicolau Schwengber (1957), Albano Affonso Mallman (1962). Os dois últimos se aposentaram na comunidade. Os outros professores que lecionaram por alguns anos na comunidade foram: Noeli Poersh, Selvino Holzbach, José Lahn, Lauro Scheder, Edílio Kuhn e Erno Hammerschmitt.

Para os professores casados Rudy e Albano a comunidade construiu uma bonita casa para cada um e deu terras para plantar e sustentar a família. Depois que se aposentaram, foram substituídos por André Alói Winkelmann e Neusa Grolef, época em que a escola foi fechada e se introduziu o transporte escolar. As crianças da comunidade, para estudar iam, então, para Vila Ipiranga ou Vila Nova. Em 1972 havia no distrito três escolas. A Escola Santo Cristo com 172 alunos; a Escola Tiradentes tinha 83 alunos e 2 professores e a escola do Lajeado Grande também com 85 alunos e 2 professores. A evasão escolar se deu quando se implantou a agricultura comercial que expulsou os pequenos agricultores do campo.

Malmann (1988) relatou que religiosamente a comunidade recebeu apoio espiritual de diversos padres durante o processo de colonização vindos da Paróquia Cristo Rei e do Seminário Cristo Rei. Meinerz (1988), em sua entrevista, relatou que a comunidade sempre rezou pela perseverança dos sacerdotes e pelos vocacionados. Já teve a graça de presenciar a ordenação de dois sacerdotes da localidade: padre Hélio Bamberg e padre Jair. Philippsen (1988) disse que se mudou para o Paraná em 1952 e a primeira missa da qual participou aconteceu no dia de Natal na linha Três Bocas. Contou que não tinha relógio nem rádio, por isso supôs um horário para levantar, acordar a esposa e os filhos, arrumar a carroça para ir à missa. Durante a viagem percebeu que era muito cedo, pois a estrela d’alva estava se levantando.

Baldin (1988) relatou que sua vida no Paraná passou por situações de azar. A primeira aconteceu durante a mudança quando um dos caminhões ao subir a balsa do Rio Chopim quase submergiu, dando um grande susto a todos. A outra foi quando vendeu um lote de suínos que serviu para pagar todas as contas e ainda sobrou CR$ 6,00 (seis cruzeiros) que os guardou em casa. Uma noite ao visitar um vizinho ouviu gritos: fogo!, fogo!...Saiu correndo, viu seu rancho em chamas. Em meio aos atropelos conseguiu salvar apenas os porcos porque arrancou as tábuas do chiqueiro. Frente ao incidente, os vizinhos foram solidários e em forma de mutirão reconstruíram o rancho, mas o dinheiro tão necessário virou cinzas. A vida de Baldin e sua família começou a melhorar quando doou à capela de São Miguel uma imagem de Nossa Senhora da Conceição como promessa pela cura de uma doença da esposa desenganada pelos médicos.

Hammes (1988) chegou a São Miguel em 1953; lembrou da fase amarga por que passou durante o período de colonização. Disse ele que a vida da família melhorou depois que seus dez filhos cresceram e o ajudaram nos trabalhos da lavoura e domésticos.

Hoje, São Miguel é uma comunidade pequena. As Pastorais  e movimentos que funcionam: Catequese, Liturgia, Grupos de Reflexão, Capelinhas, Ministros, Apostolado de Oração e em projeto a fundação do Setor Juventude. Para um trabalho pastoral profícuo faltam lideranças e um impulso de ânimo para que os fiéis se engajem na nova caminhada da Igreja.